Crédito: Danúbia Guimarães
Toti é um cão da raça Boxer, de 9 anos, que acaba de passar por uma grave intervenção cirúrgica para a retirada de uma de suas patas dianteiras. O animal teve câncer e por pouco não veio a falecer. Como perdeu muito sangue durante a cirurgia, é um dos fortes candidatos a receber uma das bolsas disponíveis no banco do Hospital Veterinário da USP.
A transfusão está garantida, graças à ajuda de um parceiro de mesma raça. Thor, um serelepe Boxer de 1 ano e 7 meses e quase 30 kg está pronto para a doação. Ele chega ao hospital na companhia de seus donos, Sandra Elias Mesquita e o filho, o estudante de medicina veterinária Renan. “A doação do Thor é tão importante quanto qualquer doação feita a seres humanos, por isso, sempre que posso, faço propaganda para os vizinhos”, esclarece Sandra.
O processo de doação é simples, praticamente indolor, e não dura mais que 20 minutos, deixa claro a médica veterinária Karin Denise Botteon, doutoranda do Setor de Cirurgia e Anestesiologia de Pequenos Animais da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Para ser um doador, o cachorro precisa apenas se encaixar em alguns requisitos, para a própria segurança do animal, explica o Dr. Márcio Moreira, coordenador do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi. “O cão deve estar vacinado e vermifugado, não estar prenhe, não ter passado por procedimento cirúrgico recente, estar clinicamente saudável, apresentar temperamento dócil e controle de pulgas e carrapatos”.
Crédito: Danúbia Guimarães
Os felinos também são doadores
Já no caso de gatos, as exigências para os doadores são diferentes. Karin explica que como os felinos são menores e mais sensíveis, só podem doar de 40 a 60 ml. “O banco de sangue para felinos está em processo experimental aqui na USP. Como não existem bolsas apropriadas no Brasil, estamos realizando, por enquanto, a transfusão aberta, ou seja, por meio de seringas”.
A veterinária esclarece ainda que o processo de seleção do doador é parecido com o dos cães. “O gato passa por uma triagem para sabermos um pouco mais sobre seu estilo de vida e, em seguida, são feitos exames de sangue e de doenças infecciosas”. A médica destaca também que o peso do animal deve ser de no mínimo, 4,5 kg. “Todas essas etapas são necessárias porque precisamos garantir que o sangue retirado seja de excelente qualidade”.
Apesar da disponibilidade dos hospitais para receberem novos doadores, a tarefa nem sempre é fácil. Denise Fantoni, Profa. Dra. do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária da USP explica que faltam doadores e o banco de sangue sempre está em débito. Para tentar driblar o desfalque, ela admite que precisa entrar em contato com canis, que nem sempre estão dispostos a submeterem seus animais à doação.
Já o Hospital Veterinário Anhembi Morumbi realiza no mês de outubro uma campanha de doação voluntária de sangue canino. “A necessidade de doadores é constante, pois muitos casos são encaminhados para realizar a transfusão aqui, no Hovet-AM”, salienta Márcio Moreira.
Mas nem tudo está perdido. Aos poucos, as pessoas têm tomado consciência da importância de seus pets serem doadores. Em redes sociais virtuais já é possível encontrar comunidades do tipo “Eu sou cachorro, doo sangue” e “meu gato salva vida, é doador”, com cerca de 865 e 30 membros respectivamente.
Os interessados a candidatarem seus animais a doadores devem ligar no banco de sangue de um hospital veterinário e agendar uma pré-consulta.
Serviço
Hospital Veterinário de Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP
Endereço: Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87 – Cidade Universitária
Tel: (11) 3091-1244 / 3091-1248
Hospital Veterinário Anhembi Morumbi
Endereço: Rua Conselheiro Lafaiete, 64 – Brás
Tel: (11) 2790-4643 / 2790-4642
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