Mais uma característica promete aproximar a genética entre primatas e humanos. De acordo com um novo estudo realizado por pesquisadoras da Universidade de São Paulo, os macacos-pregos (Cebus nigritus) são capazes de inventar atalhos por dentro da floresta. Isso qualifica um alto grau de planejamento espacial, capacidade até agora observada nos humanos e chimpanzés.
Os animais foram observados no Parque Estadual Carlos Botelho, a cerca de 250 km ao sul de São Paulo, e constatou-se que eles perambulam livremente pela mata, sem ficar presos a rotas fixas em busca de comida. Os primatas conseguem ainda identificar as árvores onde eles já pegaram frutas anteriormente, além de planejar onde comerão no dia seguinte.
Para chegar a tais conclusões, as cientistas mediram a distância do local onde os macacos passaram a noite até a última árvore onde comeram antes de dormir. Calcularam ainda a distância até a primeira árvore onde comeram no dia seguinte. O resultado foi surpreendente: os bichos procuravam dormir perto da árvore onde se alimentariam quando acordassem no dia seguinte.
O próximo passo da pesquisa é comparar os macacos da mata Atlântica com exemplares da mesma espécie, mas que habitam as matas do Estado do Piauí. O local foi escolhido visando observar as diferenças em lugares de cerrado, com morros, e sem a presença de muitas árvores.