Que pet não gosta de um bom petisco? E que dono não fica feliz ao ver o seu bichinho de estimação se deliciando com essas gostosuras. Mas esta atitude, em excesso, pode levar cães e gatos à obesidade, segundo especialistas. O médico veterinário Eric Vieira Januário, que integra a equipe de endocrinologia do Grupo Pet Care de Hospitais Veterinários, alerta que tal prática traz outros riscos aos pets.
“Sabe-se que a obesidade predispõe cães e gatos às diversas complicações. Nos cães sabemos que o excesso de peso pode provocar aumento dos níveis de triglicérides e colesterol, pancreatite (inflamação do pâncreas) e hipertensão arterial. Há evidências, ainda não totalmente elucidadas, de que a obesidade em cães possa ser um fator predisponente para o desenvolvimento do diabetes mellitus”, explica Januário.
Tanto em cães como em gatos, a obesidade pode trazer alterações metabólicas e problemas respiratórios, pois o excesso de gordura pode comprimir estruturas como a traqueia e pulmões. “Também é comum que animais com sobrepeso apresentem problemas locomotores, devido o excesso de peso sobre as articulações e a coluna”, conclui o veterinário.
A obesidade tem se tornado um problema frequente em cães e gatos, pois os pets estão cada vez mais seguindo o ritmo de vida de seus donos, isto é, uma rotina com pouco exercício físico e alimentação inadequada.
Vale lembrar também que fatores genéticos, castração e doenças hormonais impulsionam a obesidade. “Nos cães são comuns o hipotireoidismo e o hiperadrenocorticismo, ou doença de Cushing – é uma desordem endócrina causada por níveis elevados de glicocorticoides, especialmente cortisol, no sangue. Nos gatos sabemos que a acromegalia – excesso de hormônio do crescimento – é uma doença rara que pode levar à obesidade”, diagnostica o veterinário.
“A obesidade pode ser fatal para os pets. Por isso é de extrema importância consultar um veterinário periodicamente. Ele poderá dizer qual é a alimentação adequada. Além disso, exames laboratoriais serão feitos para diagnosticar possíveis doenças”, alerta.
Pensando nisto, o médico veterinário preparou algumas dicas de como manter a qualidade de vida dos cães e gatos. Confira:
Alimentação
Depende muito da raça, idade e da existência de doenças. Para cada caso há rações comerciais com requerimento energético e quantidade de nutrientes que suprimem cada tipo de necessidade. É importante seguir a recomendação do médico veterinário para cada animal, bem como respeitar a quantidade diária que vem informada no rótulo.
“Os petiscos são permitidos, desde que a quantidade seja controlada e se o animal não tenha alguma contraindicação. No geral, para animais saudáveis e com peso normal, pode oferecer petiscos com baixo teor de gordura e vegetais (mas nem todos são indicados para cães e gatos)”, diz Januário.
Atividades físicas
O ideal é que os animais se exercitem diariamente. “Somente as caminhadas não são suficientes. Além delas, é necessário brincar e estimular a corrida (atrás de brinquedos, por exemplo)”, explica Januário.
Estes hábitos devem fazer parte da vida do animal desde os primeiros meses de vida. Para os gatos, a instalação de prateleiras que os permitam escalar e pular, ou de arranhadores, pode ser um estímulo ao exercício físico.
“Para os cães que já são mais idosos ou obesos, a atividade física deve ser realizada de maneira monitorada por médicos veterinários, inclusive fisioterapeutas para não sobrecarregar os sistemas cardiorrespiratório e articular”, finaliza.