Quem não se encanta com um animalzinho voltando do pet shop enfeitado por laços ou gravatinhas? E essa rotina de levar o cãozinho para tomar banho nesses estabelecimentos é cada vez mais comum, principalmente, para quem mora em apartamento. Entretanto, o proprietário precisa ficar atento às doenças que podem ser transmitidas caso o ambiente não esteja devidamente higienizado e o contato com os demais animais não seja controlado. Uma das enfermidades mais comuns é a Giardiose, causada pelo protozoário Giardia duodenalis e que pode ser contraída por cães e, inclusive, pelo homem.
O contágio ocorre quando há a ingestão de água e alimentos contaminados pelos cistos do protozoário ou contato com fezes de outros animais portadores da doença. “Apesar de ser amplamente difundida, a Giardiose Canina pode ser facilmente confundida com outras enfermidades intestinais e tratada de maneira incorreta.
Quando ocorre em filhotes, a doença pode até levar o animal à morte”, alerta a médica veterinária Maria Alessandra Martins Del Barrio. Os sintomas clínicos da doença incluem diarreia, fezes pastosas e fétidas, vômitos, dor abdominal, desidratação e perda de peso. Considerada uma zoonose pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – por ser uma doença transmitida entre homens e animais -, a giardiose atinge cerca de 250 milhões no mundo; e estima-se que ocorram 500 mil novos casos por ano (OMS, 1996).
“Como pet shops são locais de grande fluxo de animais, há possibilidades de contaminação local por fezes de animais portadores, mesmo que não apresentem sintomas. Portanto, há riscos de estabelecimento da infecção em cães que se utilizam desses serviços”, explica a médica veterinária Maria Alessandra Mertins Del Barrio. É fundamental que o proprietário observe atentamente se as paredes e o piso estão limpos, principalmente, na área do banho.
E claro, se as gaiolas onde os bichinhos ficam hospedados não apresentam restos de fezes ou urina de outros animais. “Caso se sinta mais confortável, o dono pode pedir para conhecer melhor o local onde o animal ficará aguardando para ser higienizado e, até mesmo, a área onde acontece a lavagem”. Checar o registro da clínica veterinária ou do pet shop no Conselho Regional de Medicina Veterinária também pode garantir mais segurança ao proprietário e ao animalzinho.
Também é preciso estar atento à higienização do local em que o animal vive diariamente. A limpeza constante do ambiente onde o cão faz suas necessidades e dos potes em que são colocados os alimentos, é fundamental para evitar a permanência e contaminação pelo protozoário. De acordo com estudos, a prevalência da doença também varia muito com as condições de vida dos animais, sendo que populações de rua, abrigos ou canis tendem a apresentar uma maior ocorrência do que os domiciliados. Ou seja, locais onde os pets estão sujeitos à má higiene do ambiente e um contato maior com os demais animais.
No Brasil, trabalhos revelam prevalência de 5% em cães com dono, até 72% em cães de rua de uma favela (1, 2). Em um recente estudo desenvolvido pela Zoetis em 2012, também foi feito um levantamento da doença nos principais laboratórios veterinários do país, e os resultados foram alarmantes, mostrando que em média 30% dos animais são positivos ao parasita, independente da região do país. Na população humana, a prevalência do parasita varia entre 2% em países desenvolvidos e mais de 30% em países subdesenvolvidos (2,3).
Com a incidência da zoonose, a melhor opção ainda é proteger o animal por meio da vacinação. No mercado há 15 anos, a vacina Giardiavax da Zoetis combate a infecção pelo protozoário. Administrada em duas doses na primeira aplicação e em dose única anual para animais já vacinados, Giardiavax é indicada para cães saudáveis – a partir de 8 semanas de idade, com intervalo de duas a quatro semanas entre as doses. A proteção é conferida 15 dias após a aplicação da segunda dose.