Novembro é o mês mundial de combate ao câncer de próstata. A ação, simbolizada pela cor azul, é voltada geralmente para prevenção da doença em humanos, mas o alerta serve igualmente para os pets.
O Instituto Qualittas, centro de pós-graduação em medicina veterinária, é um dos idealizadores da campanha. Durante o Outubro Rosa, nas unidades de Campinas e São Paulo, eles realizaram exames gratuitos em cadelas, em que o índice de câncer de mama chega a 53%.
“A sociedade precisa saber que cães e gatos têm predisposição ao câncer também. A melhor prevenção continua sendo a castração, para machos e fêmeas”, afirma Marcelo Godoy, membro do instituto.
A próstata é responsável por produzir hormônios e um líquido que compõe cerca de 97% do sêmen, ajudando o transporte dos espermatozoides. Os sintomas mais comuns do câncer são sangue e secreções na urina, perda de peso, postura arqueada e febre. A incontinência e a infecção urinária também podem ocorrer por causa do aumento da próstata, que pressiona a uretra.
A dificuldade para defecar e as fezes em forma de fita, achatadas, ocorrem pelo mesmo motivo: o intestino grosso é pressionado pela próstata e tem sua forma original, de tubo, alterada. Mas em muitos casos a doença pode ser silenciosa.
Os médicos veterinários recomendam que o tutor do animal realize mensalmente uma observação geral e, em caso de anomalia, procure ajuda especializada. O primeiro exame realizado é o de toque, em que o veterinário observa se a próstata está com tamanho e forma adequados. Caso seja detectado algum nódulo ou aumento, chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB), o próximo passo é realizar a citologia, para saber se trata-se realmente de um tumor. Já o histopatológico apura se o tumor é maligno ou benigno. O tratamento pós-cirúrgico costuma ser com antibióticos.
Como os tipos de câncer mais comuns são os que se espalham para outros tecidos, como o carcinoma, a quimioterapia e a radioterapia também podem ser opções. Os medicamentos para conter o câncer são os mesmos usados em humanos, mas em doses menores. Pode ser feita até mesmo a remoção da próstata para evitar novos problemas. Após os 6 anos, é ideal que cachorro faça checapes anuais, incluindo ultrassom do tórax.
A castração
Felizmente, os pets não apresentam alto índice de câncer de próstata, mas até 90% das doenças em órgãos reprodutivos podem ser evitadas com a castração. Dois dos obstáculos são os altos preços e o preconceito.
O procedimento, ao contrário do que possa parecer, não torna o animal menos ágil ou feliz. A época ideal para realizar a cirurgia é antes do primeiro ano de vida, quando a próstata ainda não recebeu muita testosterona e, por isso, não atingiu um volume grande. Porém, as doenças podem não ser causadas pela produção de testosterona. Na prostatite bacteriana, a infecção da próstata acontece por bactérias da uretra ou que chegam à próstata pela circulação sanguínea — e pode causar infertilidade.
Mesmo com os baixos riscos, há quem opte pelo uso de medicamentos, um método ainda menos invasivo. Uma das vantagens da castração química é não interromper completamente a produção de testosterona, como na cirurgia, evitando que o cão fique obeso. A única condição para a castração química é que os testículos estejam dentro da bolsa escrotal e que não haja lesões de pele próximas à área genital. As cadelinhas também se beneficiam com o procedimento, que, se for feito antes do primeiro cio, reduz para 0,5% o risco de câncer de mama e de ovários.
Prevenir é melhor
A retirada da próstata, chamada de prostatectomia, não é feita com frequência devido à complexidade da cirurgia. Além disso, a quimioterapia apresenta bons resultados. “Estudos mostram que entre a cirurgia aliada com quimioterapia e apenas quimioterapia, não houve diferença nos resultados”, conta a oncologista veterinária Stefani Souza. Para ela, a abordagem preventiva ainda é a melhor opção. “Nós precisamos conscientizar os proprietários a fazer o exame de rotina. E sempre observar, tanto o aumento da próstata quanto o câncer, porque os sinais são iguais.”
Fonte: http://sites.uai.com.br/