Crédito: Claire H.
Na época em que ainda era uma estudante de enfermagem, Kathy Adamle passeava com seu cachorro, um Golden Retriever, pelo campus da Kent State University (KSU). No trajeto, costumava ser parada por outros estudantes que gostavam de fazer carinho no animal. Esse gesto motivou pesquisadores a criarem um projeto e um programa de pet terapia (talvez o único do gênero nos Estados Unidos).
Kathy, que hoje é assistente do professor de enfermagem, continua a passear com seus cães Patrick e Jake Muldoon, pelo conjunto residencial da universidade. Mas além de distrair os cachorros, as voltinhas integram o Dogs on Campus (D.O.C.) Pet Therapy Program.
As universidades norte-americanas até tentam atender a maioria das necessidades dos seus alunos, já que muitos são de outras cidades, Estados e até países, mas nada é feito em relação à dor de ter deixado o bichinho de estimação para trás, na casa dos pais.
Os cães terapeutas costumam frequentar ambientes como hospitais, enfermarias e casas de repouso, mas Kathy está fazendo algo novo: introduzindo esses animais em um ambiente inusitado, a universidade.
Desde 2004, Kathy vem pesquisando os benefícios que as visitas dos animais proporcionam nos moradores dos conjuntos residenciais do local. E seu trabalho já foi publicado no Journal of American College Health, a única publicação nacional dedicada à saúde dos estudantes universitários.
A assistente conta com uma equipe composta por dez voluntários e cães treinados, é que faz visitas regulares ao conjunto residencial do campus da KSU. Sob chuva ou sol, eles visitam e proporcionam conforto aos estudantes.
Há alguns anos, o conjunto residencial Allen Hall foi incendiado e a equipe de Kathy entrou em ação. Segundo relato da coordenadora das comunidades dos conjuntos Kimberly Ferguson, “um cão foi em direção a uma garota e colocou a cabeça no ombro dela. Eu tenho certeza que ele estava dizendo ‘tudo ficará ok’”. E continua: “eu já vi estudantes colocando o rosto sobre o pelo do cachorro e começar a chorar de soluçar”.
E os horários das visitas foram estrategicamente elaborados. Sempre acontecem entre as 19h e 20h, quando os estudantes estão voltando do jantar, e antes de saírem ou começarem a estudar. E os encontros são feitos em salas, com as portas fechadas, para evitar o contato com alunos alérgicos e daqueles que não gostam de animais. Geralmente, no primeiro encontro, os estudantes correm para abrir os celulares e mostram a foto do pet que deixaram em casa.
Desde o início do programa, os animais já visitaram mais de 4 mil estudantes, e a demanda aumenta cada vez mais. Em entrevista ao site forters.com, Kathy conta que já recebeu mais de 50 e-mails de diretores e estudantes que gostariam de levar o programa para suas faculdades e universidades. “Eu sinto que universitários, especialmente os calouros, são muito estressados, principalmente durante o período das provas”, informa a assistente. E Kathy pretende levar seu programa para outras universidades.
Todos os cães que participam do programa são certificados pela Delta Society, que procura proporcionar bem-estar e interações positivas com os animais.
No começo do próximo outono, Kathy fará testes físicos nos estudantes antes e depois de encontrar os animais. O objetivo é verificar se a visita ajudou o aluno a aliviar o estresse , melhorar o humor ou diminuir a solidão.