Crédito: Flickr/CC – Dario Sanches
A automutilação não é uma doença exclusiva das aves, pelo contrário, ela ocorre em outras espécies, como nos cães e normalmente está relacionada com transtornos psicológicos. Também conhecida como comportamento destrutivo, a doença é bastante comum nos pássaros, principalmente no grupo dos psitaciformes (aves com o bico curvo, como araras, papagaios, etc). Ela se caracteriza, como o próprio nome diz, pelo fato do animal se mutilar, principalmente com o bico, arrancando as próprias penas, e posteriormente, retirando pedaços da pele e da musculatura.
Segundo a veterinária Fabíola Prioste, mestranda do Laboratório de Patologia Comparada de Animais Silvestres do Depto de Patologia da FMVZ-USP – LAPCOM, a causa mais comum da doença são os fatores comportamentais, e portanto, também é mais difícil de tratar. “O grupo dos psitacídeos é muito afetado. Por serem animais muito inteligentes e, normalmente, de comportamento grupal, situações de estresse como a perda do companheiro, mudança de casa e falta de atividade podem levar a ave a uma situação de automutilação”.
Outro fator que ocasiona a doença é a presença de parasitas externos na ave, como piolhos, que causam coceira e faz com que os animais se vejam obrigados a arrancar suas penas. “Geralmente, quando o problema está relacionado a parasitas externos, a ave arrumará as penas o tempo todo, incomodada com os piolhos”, diz a veterinária.
Outra causa comum pode ser a giárdia, um parasita muito conhecido entre os cães, mas que também ataca e se instala no intestino das aves. Segundo a médica, para detectar esse parasita é necessário fazer exames de fezes – ao menos três amostras em dias diferentes, para fechar o diagnóstico.
Fatores Psicológicos
Sua ave está arrancando as penas, mas não tem piolho nem giárdia? Fabíola alerta que “arrancar as penas por problemas comportamentais normalmente inicia-se no peito e alguns animais arrancam as penas e ‘gritam’ enquanto o fazem. Segundo ela, o problema comumente se inicia após alguma mudança no cotidiano – estresse, por exemplo. Algumas chegam a arrancar todas as penas que alcançam com o bico, sobrando apenas aquelas que cobrem a cabeça. Em psitacídeos que habitam um mesmo viveiro pode acontecer de uma arrancar as penas das outras”, alerta.
A alteração na rotina da ave pode ocasionar estresse, levando-a à automutilação. Essa situação pode ser relacionada à chegada de uma nova ave, de um cachorrinho ou qualquer outra alteração no cotidiano, como mudança de casa ou mesmo o nascimento de uma criança na família. Portanto, antes mesmo de adquirir uma ave como animal de estimação, é necessário procurar um veterinário para entender as reais necessidades desse bicho.
Crédito: Flickr/ CC – obvio 171
Nesse sentido, a especialista aconselha “buscar um veterinário para se instruir quanto às necessidades de brinquedos, mudança de hábitos na casa e bom manejo de acordo com a espécie que se busca ter como animal de estimação. Há aves que necessitam de um maior contato com o proprietário (caso dos psitacídeos, que geralmente são criados sozinhos em gaiolas) e outras que o contato pode ser em menor intensidade (como o canário, o manon e o bicudo.
Consequências da doença
A automutilação é um sério problema e pode acarretar diversas consequências. Isso porque as aves utilizam-se das penas para a proteção do clima (frio, sol, chuva) e contra agentes externos (primeira camada de proteção contra bactérias, fungo e protozoários que podem atacar a pele).
Para finalizar, é bom lembrar que prevenir ainda é o melhor caminho, e para isso, o ideal é manter as aves saudáveis: gaiolas e poleiros limpos (para evitar piolhos), lavar frutas e verduras antes de oferecê-las, dar água filtrada e fresca diariamente, além de consultar um médico veterinário para se instruir quanto ao manejo adequado à espécie e necessidade de vermifugações. E, muito importante, mantê-las ativas – algumas espécies precisam de atividades para que mantenham um comportamento saudável.
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