Crédito: Flickr/ CC – Tobyotter
Um dos principais incômodos para quem tem um cachorro recém-castrado é vê-lo sem os seus testículos. Para muitos, é como se o animal perdesse um pouco de sua virilidade. Apesar do pensamento não fazer sentido do ponto de vista biológico, já que o cão continua sendo macho, já existe no mercado uma forma de driblar esse impasse sem abrir mão da esterilização.
Mais conhecida como castração química, essa nova modalidade chegou ao Brasil em 2009, por meio do laboratório Rhobifarma, e promete ser uma alternativa indolor e prática para a convencional cirurgia de remoção dos testículos. De acordo com o veterinário Ricardo Lucas, a principal vantagem do Infertile é não ser necessário um procedimento cirúrgico. “Isso facilita campanhas de esterilização, que podem ser feitas em campo, junto com a vacinação antirrábica, por exemplo”, explica o médico.
Ele ressalta ainda que a castração química é indolor, uma vez que a agulha utilizada para a aplicação do produto é bem fina, semelhante à utilizada por diabéticos. Sua base de formulação é o zinco, substância aplicada em cada um dos testículos, diminuindo a produção de espermatozóides e deixando o animal definitivamente infértil.
O veterinário explica que o processo é irreversível, ou seja, após 30 dias da aplicação, o macho não será mais capaz de se reproduzir. Para quem gostou da novidade, a castração química chega a ser até 70% mais barata que o processo convencional, com a vantagem de não haver pontos, cortes e dores causadas pelo pós-operatório.
Surgimento e aplicação
Para Marco Ciampi, presidente da ONG Arca Brasil, pioneira em campanhas de castração de animais em São Paulo, a ausência da dor é um dos principais benefícios do produto. “Como promovemos muitos mutirões de castração, ter um procedimento que pode ser aplicado sem a necessidade de um centro cirúrgico e ainda que promove um maior bem-estar ao animal é algo muito bom”.
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Marco explica também que a busca por um método alternativo à cirurgia é um movimento mundial, que começou nos Estados Unidos, em 2003. “Foi nesta época que surgiram os primeiros modelos, tanto, que trouxe esse debate para o Brasil, mas a versão nacional apresenta melhoras em relação ao modelo americano”.
A diferença apontada pelo profissional é o protocolo desenvolvido pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, campus Botucatu. Depois de uma criteriosa observação os pesquisadores criaram um protocolo de aplicação para que o animal não sinta dores nem desconforto. Cerca de 30 minutos antes da esterilização é aplicado um medicamento (Meloxican ou Acepromazina) que dispensa o uso de analgésicos adicionais de longa duração.
Vale lembrar que a castração química é indicada para cães de todas as idades, mas animais com severas lesões no escroto, inflamações ou com criptorquidismo (testículo escondido) não devem ser submetidos ao procedimento. Cabe ao médico veterinário avaliar o caso e julgar se o pet poderá ou não passar pela esterilização química. Após a aplicação, o cachorro já é liberado para voltar para casa, sem a necessidade de repouso.
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