Você já parou para observar como os gatos costumam tomar o leite? Muitos utilizam até a patinha para ajudar (ou fazer charme), mas todos apresentam a mesma curiosa característica: eles não molham o queixo nesse processo. Intrigada com o caso, uma equipe de físicos, engenheiros e mataméticos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Princeton e Universidade de Tecnologia da Virgínia resolveram estudar a técnica utilizada pelos bichanos.
Após quase quatro anos de pesquisa o resultado foi publicado recentemente na revista Science. De acordo com o jornal Telegraph os estudiosos descobriram que a técnica dos felinos domésticos apresenta “um equilíbrio perfeito entre duas forças físicas” – a gravidade e a inércia.
Há até pouco tempo era conhecido a partir de um estudo de 1941 que quando os gatos tomam leite eles fazem um movimento semelhante a um “j”, ou seja, a ponta da língua toca a superfície do líquido primeiro. No entanto, imagens em slow motion realizadas recentemente pelos pesquisadores revelaram que a ponta da língua é a única parte a tocar o líquido. Diferentemente dos cães, que fazem da língua uma concha, os bichanos parecem utilizar uma técnica bem mais apurada.
Crédito: Flickr/ CC – tillwe
Os cientistas descobriram que a ponta da língua do gato mal escosta na superfície do líquido antes que ele volte rapidamente para o pires. O movimento rápido forma uma coluna de leite entre a língua e a superfície. É justamente essa coluna que o gato capta ao fechar a boca. Para os estudiosos essa lâmina de leite é formada por um equilíbrio perfeito entre a gravidade e a inércia – que é a tendência de uma substância de se mover em uma determinada direção até que outro fator intervenha.
Os gatos sabem instintivamente como alcançar este equilíbrio, aplicando a força e velocidade adequadas, controlando também o tempo de cada lambida. Estima-se que um gato doméstico dê, em média, quatro lambidas no leite por segundo, conseguindo trazer nesse processo 0,4ml de líquido. Vale lembrar, no entanto, que a quantidade de líquido varia de acordo com o tamanho da língua e velocidade aplicada.
Em entrevista à publicação, Sunghwan Jung, especialista em fluídos, explicou que que o gato escolhe a velocidade das lambidas, a fim de maximizar a quantidade ingerida. Satisfeito com as descobertas do grupo, que realizou a pesquisa sem financiamento, o engenheiro Roman Stocker disse que é muito excitante explorar coisas novas que fazem parte de nosso dia-a-dia. “A ciência nos permite olhar para os processos naturais, com um olhar diferente e entender como as coisas funcionam, mesmo que seja para descobrir apenas como o meu gato toma seu café da manhã”.