A insuficiência renal crônica pode afetar gatos de diversas raças e/ou idades – sendo frequente em felinos mais velhos e nas raças abissínia e persa. Porém, para entender melhor sobre a doença, primeiro devemos compreender como o organismo dos gatos funciona e quais sintomas o nosso animal de estimação pode desenvolver.
Os rins, responsáveis por filtrar o sangue e eliminar a urina, produzem a creatinina (derivada de um metabolismo proteico e excretada pelo rim). Se a produção dessa substância aumenta, as chances dos rins não conseguir desenvolver o papel da filtração corretamente ao eliminar as toxinas e metabólitos do organismo são maiores.
Com a falha na filtração, esses metabólitos se acumulam no sangue e provocam uma espécie de “intoxicação”, deixando o gato doente. A insuficiência também pode acontecer devido a processos quimioterápicos, uso de antiinflamatórios, baixo consumo de água ou excesso de proteínas na dieta do animal.
Alguns sinais da doença podem levar à redução de apetite, perda de peso, polidipsia (aumento da ingestão de água), poliúria (maior volume de urina), anorexia, náuseas, desidratação e mucosas pálidas. Podem ocorrer também vômitos, úlceras na boca e no estômago, anemia, infecções e pressão alta, que pode levar à cegueira.
O diagnóstico só é possível após um exame completo e testes feitos em laboratório, tais como hemograma e análise da urina. A maioria dos casos não possui uma causa específica. Porém, há certas condições que podem levar à insuficiência renal: hereditariedade, toxinas nos rins, alta contagem de cálcio no sangue, a glomerulonefrite, em que se verifica a inflamação do glomérulo (unidade funcional do rim), infecção renal, policistite, cálculo renal, obstrução urinária, câncer e amiloidose, em que a distribuição de proteínas dentro do rim pode levar a um quadro de insuficiência renal.
Gatos em condições graves necessitam imediatamente de internação. Em casos menos perigosos, ele pode ser tratado em casa com medicamentos e dieta apropriada. É necessária a repetição de exames regularmente para monitoração. Bichos com predisposição genética para o desenvolvimento da doença não devem ser cruzados com outros animais.
A pressão arterial também precisa de cuidados e atenção, pois a hipertensão está associada a mais de 50% dos casos da doença, sendo necessária a terapia hipotensiva. Infelizmente, a insuficiência renal é progressiva e irreversível, e a perspectiva de recuperação não costuma ser muito boa. Isso porque se os exames mostrarem alterações significativas que indiquem a presença da doença, isso quer dizer que 75% do rim já pode ter parado de funcionar corretamente.
De qualquer forma, o tratamento traz alívio em curto prazo, e o seu gato tem chances de viver mais tempo, dependendo da gravidade e do estágio de evolução da doença. Alguns animais apresentam complicações graves que não podem ser revertidas mesmo com tratamento intensivo. Nesse caso, a eutanásia é uma alternativa para os que estão em grande sofrimento.
Outra opção terapêutica baseia-se na fluidoterapia (técnica que trata da desidratação de líquidos corporais) associada com outras medicações. Já a hemodiálise, aplicada em humanos, é pouco utilizada em animais, devido ao custo das sessões, mas já disponibilizadas em clínicas veterinárias especializadas.
Muitos bichos conseguem manter a doença controlada, mesmo apresentando crises ao longo da vida. Por isso, não deixe de levar o seu gato ao veterinário para a manutenção do tratamento e para que ele possa ter todas as chances de sobrevivência e melhor qualidade de vida.