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Deficiência física em cães pode ser revertida se diagnosticada precocemente

Assim como no universo humano, no mundo dos pets, a deficiência física também é muito comum. A classe de médicos veterinários está cada dia mais empenhada em melhorar a qualidade de vida dos animais que possuem algum tipo de limitação física, aumentando assim a aceitação por parte de pessoas que buscam adotar cães deficientes, anteriormente rejeitados por seus donos.

cegueira
Com o diagnóstico rápido, é possível reverter a cegueira do seu cãozinho. Fonte: Flickr.

“O atendimento a animais com algum tipo de deficiência que foram adotados depois de serem rejeitados pelos seus primeiros donos têm crescido muito nas nossas unidades”, afirma Carla Alice Berl, médica veterinária e diretora do Hospital Veterinário Pet Care, que tem acessibilidade para clientes e animais com necessidades especiais.

O local oferece suporte especializado em fisioterapia, indicada para tratamentos de cães com paralisias devido a trauma na coluna, derrame cerebral, trauma craniano e problemas neurológicos em razão de doenças como diabetes, cinomose e hipertensão, entre outras.

As ocorrências mais comuns em cachorros são:

Paralisia dos membros posteriores

Popularmente conhecido como Basset e Salsicha, o Dachshund ou Teckel é uma raça que mais sofre de paralisia aguda dos membros posteriores. Isto ocorre devido à um problema de coluna: a hérnia de disco (geralmente da região toraco-lombar).

Segundo Dra. Carla, identificar os primeiros sintomas é o primeiro passo para garantir o sucesso do tratamento. “O dono deve prestar atenção no seu animal e a partir do momento que detectar alguns sinais de que ele não está bem”, diz. “Os sintomas variam de: permanecer arqueado, recusar-se a andar ou andar com dificuldade, não conseguir se levantar, olhar a escada e não quer subir nem descer, não comer, ofegância – devido à dor –, ficar com uma das patas traseiras levantada, não conseguir urinar (um sinal gravíssimo), entre outros sintomas”.

A médica veterinária também reforça que o animal não deve se locomover e que deve ter uma restrição de espaço, como por exemplo, colocá-lo no box do chuveiro ou em uma gaiola e imediatamente levá-lo ao médico veterinário. “Ao tomarmos estes cuidados muitos animais podem ter uma evolução melhor. Às vezes, por um pequeno descuido, o animal pode ficar paralítico para sempre”, alerta.

Em relação ao tratamento ideal, varia conforme o exame neurológico e o grau de dor que o animal sente. “No exame avaliamos a sensibilidade dos membros posteriores, se ainda sentem dor profunda ou não. Quando o animal não apresenta mais dor profunda é considerado muito grave e a chance da reversão do quadro é uma cirurgia de emergência num período menor que 24 horas de quando o problema começou”, afirma. “Para o tratamento, o confinamento em gaiola é imprescindível, a medicação indicada é anti-inflamatória e analgésica e, em casos nos quais o animal não está conseguindo urinar, também é recomendado deixá-lo com sonda”, explica.

Este problema ocorre mais comumente em Dachshund entre 6 meses a 8 anos de idade, mas também pode acontecer em Shih-tzu, Poodle, Schnauzer, Lhasa Apso e outras raças mas em porcentagens muito menores. “Alguns animais paralisam para sempre, outros se recuperam em diferentes graus, vão precisar de muita fisioterapia, acupuntura e às vezes irão ter que usar carrinhos”, comenta.

Surdez

Outro tipo de deficiência muito comum entre os cães é a surdez. “Normalmente educamos nossos pets com elogios e repreensão verbal e como o cão não pode ouvir, temos que usar sinais com as mãos, que poderá se tornar o principal meio de comunicação entre o dono e o cão surdo”, orienta Dra. Carla. “Pode ser comum pensar que o cão surdo possa ter alterações de comportamento como insegurança, agressividade ou mesmo ter outras alterações cerebrais, mas com o ensinamento, tais preocupações são totalmente descartadas”.

O processo de ensinar um sim com as mãos é relativamente simples. Primeiro, o dono do animal dá o sinal de mãos e em seguida oferece as guloseimas e petiscos para fazer o reforço positivo.

Após várias repetições, o filhote vai aprender a associar o sinal com uma recompensa. Podemos usar lanternas para se comunicar durante a noite, ou ponteiras de laser, pois é muito mais brilhante que a luz normal e pode alcançar até 100 metros a noite. Ao brilhar a ponto de laser na frente do cão, ou em uma parede, atrai a atenção do cão. “Quem aceita cumprir o desafio de criar um animal de estimação surdo precisa de habilidade, paciência e muita imaginação, mas em troca ganhará carinho e uma cauda abanando incansavelmente e um presente de valor inestimável”, incentiva.

Cegueira

As causas para o quadro de cegueira em cães são diversas, podendo ser, inclusive, reversíveis. Entre elas, glaucoma, catarata, uveíte (inflamação intra-ocular), lesões de córnea, doenças da retina, olho seco, traumas e doenças sistêmicas como diabetes, hipertensão arterial e até mesmo doenças transmitidas por carrapatos podem trazer essa consequência. “Algumas formas têm prevenção ou cura, outras não”, alerta Dra Carla.

Quando constatado o quadro de cegueira irreversível existem alguns cuidados que o dono deve seguir para o bem-estar do animal. Segundo a médica veterinária, é possível que o pet tenha uma vida próxima da normalidade, contanto que mantenha a disposição dos móveis da casa, bem como ração e água, sempre no mesmo lugar. Desta forma o animal não encontra dificuldades na adaptação à cegueira”, comenta.

A profissional reforça ainda que é importante monitorar constantemente piscinas, escadas e lajes, e assim evitar que o cão sofra algum tipo de acidente. Além disso, há a necessidade de acompanhamento veterinário esporádico, afinal algumas afecções, como as cataratas, podem ser solucionadas cirurgicamente, porém, outras como o glaucoma ou descolamentos de retina, devem ser acompanhadas frequentemente.

Outra informação bastante importante é que muitas alterações oculares são de origem hereditária ou associadas à velhice e nada pode ser feito. “Identificar o problema precocemente aumenta as chances de preservação da visão a médio ou longo prazo. O dono do animal deve ficar atento aos sinais como lacrimejamento excessivo, secreção ocular, olho vermelho, coceira, olho fechado ou piscando exageradamente, mudanças no aspecto dos olhos, desorientação ou insegurança e mudanças de comportamento”, afirma.

De acordo com a Dra. Carla, existem atitudes que podem ajudar a evitar a cegueira nos animais, como o bom manejo alimentar e vacinal dos pets, que contribui para a prevenção de alguns tipos de afecções oculares de origem inflamatória, como por exemplo, as associadas à doença do carrapato ou algumas infecciosas como a cinomose.

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