Há dois meses, três cachorros de rua apareceram pela Rua Magalhães Calvet, em Novo Hamburgo (RS). A história poderia ter o mesmo final de tantas outras, mas tomou rumos bem diferentes quando os animais chamaram a atenção de funcionários, gerentes, empresários, taxistas e moradores do local.
Os peludos ganharam nome, comida, cama, água fresca e – o mais importante – uma família.
Polaina, Preguiça e Pretinho têm a atenção garantida todos os dias, até mesmo aos domingos, dia em que o comércio não abre. “Foram eles que nos adotaram”, brinca Haidi Janner, vendedora, 57 anos.
Segundo contam os lojistas, os três foram chegando de mansinho. Ficavam deitados na porta das lojas, na calçada. Depois resolveram entrar nas lojas, nos tapetes dos estabelecimentos. Quando todos notaram, já haviam se afeiçoado aos novos amigos. Os clientes reparam, aprovam e afagam os cães. “Eles estão sempre por aqui”, comenta Bruna Dahmer, 17 anos, estudante.
Caixas de papelão e caixotes viraram camas quentinhas na calçada, ao lado de potes de comida e água. Todos os dias, antes de ir embora, a última tarefa de Haidi é acomodar as caminhas abaixo da marquise das lojas. Ao amanhecer, outras pessoas já acomodam as caminhas ao sol, nos dias mais frios.
Mario Ventre, proprietário de uma das lojas, não se incomoda com os hóspedes e brinca: “eles até cuidam das lojas para nós”.
Uma das vendedoras, Daiana Lima, de 39 anos, tentou adotar Polaina. No entanto, o cão parece não ter se adaptado à nova vida. “Ele uivava muito”, comenta Daiana. “Foi linda a alegria dele, quando o trouxe de volta e os três se reencontraram”, explica.
Todos os domingos, Daiana sai de casa especialmente para cuidar dos amigos de quatro patas. Às sextas, para alegria geral, o churrasquinho é o cardápio do dia.