Lilica é uma cadela que vive em um ferro-velho em São Carlos, no interior de São Paulo. Tranquila, com um olhar terno e com um espírito de solidariedade de dar inveja a muitos seres humanos.
Todas as noites, entre 20h e 21h, com chuva ou sem, faça frio ou calor, Lilica deixa sua casa e enfrenta os perigos da rodovia para encontrar sua amiga, a professora Lúcia Helena de Souza que cria 13 cachorros e 30 gatos, todos recolhidos da rua. Helena serve o jantar de sua turma e a prepara uma marmita para Lilica.
A rotina é a mesma há três anos: a cadela mata a fome, pega a sacolinha com o resto da comida e caminha 2km de volta ao ferro-velho, pela lateral de uma estrada movimentada. Chegando ao destino, divide o alimento com seus amigos: um cão, um gato, um galo, uma galinha e uma mula.
Lilica foi abandonada ainda filhote na mesma rodovia que percorre para buscar alimento. Foi deixada na porta do ferro-velho de Neile Vânia Antonio, uma mulher simples que vive com seus filhos no local.
A história de Lilica já foi contada pelos quatro cantos do país e ganhou o mundo. Muitas pessoas contataram Neile com ofertas de ajuda, Lilica ganhou sacos de ração. “As pessoas ligam todo dia e oferecem ração, remédios ou perguntam se podem trazer algo. Até cesta básica eu ganhei”, contou a dona da cadela. “Uma veterinária da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] trouxe remédios para verme e deu injeção contra a raiva”, explica.
Apesar da ajuda bem-vinda, Neile conta que nunca teve dificuldade para alimentar os animais e que tudo o que recebe é dividido entre os outros bichos que vivem no local. “A ajuda é sempre bem-vinda. Eu repasso também aos filhotes da Lilica, hoje castrada, que vivem em outros locais”, comenta a catadora.
Neile conta que se emocionou quando viu Lilica na televisão. “Uma mulher até me perguntou se eu estava doando a Lilica. Mas não, eu cuido dela e não quero me aproveitar da situação. Eu a amo, não vou doar, vender, nada. Eu vou cuidar dela até o fim”, encerra.
Assista à reportagem completa: