O Condado de Hillsborough, na Flórida, costa leste dos Estados Unidos, proibiu a comercialização de cães e gatos vindos de criadores profissionais em lojas físicas e online. A comissão, composta por sete membros, votou por unanimidade nesta quarta-feira (04) a lei que restringe a venda de pets em 30 cidades.
Cães de criadores não poderão mais ser vendidos em 30 cidades da Flórida, EUA (Crédito: arquivo)
A medida já havia sido aprovada em 2017, estabelecendo que lojas abertas a partir de então só poderiam vender animais resgatados por abrigos ou ONGs. Os pet shops já existentes, no entanto, foram autorizados a continuarem comercializando cães e gatos vindos das “fábricas de filhotes”. Em setembro de 2019, mais de 300 animais em estado deplorável de abandono e maus-tratos foram apreendidos em um canil profissional em Tampa, o que fez com que a medida voltasse a ser pauta na comunidade.
Em outubro de 2019, os conselheiros concordaram em retirar o benefício dos negócios que já operavam, fazendo com que eles perdessem sua licença para a venda de animais criados em canis e gatis profissionais.
Gatos recolhidos em abrigos devem conseguir novos lares, após a adoção da medida (Crédito: arquivo)
Durante a audiência pública, mais de 50 membros do condado de Hillsborough se posicionaram contra a medida, enquanto 10 manifestaram apoio. “É muito claro para mim que só o completo banimento da venda de animais criados profissionalmente pode acabar com a crueldade”, disse Ken Hagan, integrante da comissão.
Com a lei, todas as lojas da região terão o prazo de um ano para se adaptarem às novas regras. Os varejistas locais estão preocupados, prevendo danos irreparáveis aos seus negócios. “A medida é um desserviço à população. Todos os nossos cães vêm de criadores com excelente reputação e com garantia”, comentou Alexandria Julian, gerente-geral da loja All About Puppies, empresa familiar com mais de 25 anos que deve fechar as portas.
Apenas cães e gatos vindos de abrigos poderão ser adquiridos em lojas (Crédito: arquivo)
As pessoas que quiserem animais com pedigree só poderão comprá-los diretamente de criadores profissionais devidamente licenciados.
Os primeiros estados norte-americanos a assinarem a proibição foram Califórnia (2017), Maryland (2018) e New York (2019). A Lei de Resgate e Adoção de Animais de Estimação foi originalmente apresentada pelo político Patrick O’Donnell e sancionada pelo então governador da Califórnia, Jerry Brown, em outubro de 2017.
Lojistas estão preocupados, muitos pensam em fechar as portas (Crédito: arquivo)
A ideia por trás da medida é não só incentivar a adoção de animais resgatados, mas também reduzir os custos dos contribuintes com abrigos e procedimentos, como a eutanásia. Estima-se que os californianos economizem cerca de 250 milhões de dólares todos os anos, que seriam gastos para abrigar e sacrificar animais retirados das ruas.
Segundo o banco de dados nacional Shelter Animals Count, aproximadamente 6,5 milhões de animais são direcionados a abrigos a cada ano nos Estados Unidos, enquanto 1,5 milhão são sacrificados. Em 2011, esse número chegou a 2,6 milhões entre cães e gatos. A queda pode ser parcialmente explicada pelo aumento na porcentagem de pets adotados e pelo número de animais perdidos retornados com sucesso a seus tutores.