Crédito: Christopher Lancaster
A cena já é comum nos abrigos para animais na Alemanha: o dono chora, se despede e acaba deixando seu animal aos cuidados dos funcionários do local. Segundo reportagem do jornal alemão “The National”, a Associação Alemã de Bem-estar Animal informou que ruas e abrigos receberam 70 mil animais a mais do que o normal, apenas em 2009. A atitude é reflexo da pior crise que atingiu o país desde 1930. Questionadas, 69% das pessoas afirmam que “emergências financeiras” forçaram a decisão.
A instabilidade econômica trouxe dois problemas para a Associação Alemã: maior número de pets largados, e menor número de doações de ração, dinheiro, entre outros itens. Não há verba para aumentar os abrigos, e nem para contratar funcionários para cuidar dos bichinhos.
Atualmente, 5,5 milhões de cães habitam a Alemanha, berço de várias raças caninas. E eles são a maioria nos abrigos, respondendo por 85% dos animais abandonados. Mas os gatos também estão entrando nas estatísticas, assim como espécies pouco comuns em abrigos, como Iguanas e Tarântulas. Até cavalos estão sendo recebidos. Eles chegam muito magros, já que os donos não conseguem alimentá-los de maneira adequada, e resistem até o último minuto para entregá-los aos abrigos.
Cachorros e gatos mais velhos e doentes são os que ocupam o primeiro lugar da lista dos mais abandonados, já que dão mais despesas aos donos. E ao invés de recorrer a um abrigo, muitas pessoas acabam amarrando seu pet em postes que beiram rodovias e estradas, com uma plaquinha no pescoço: “meu dono está recebendo pensão e não tem condições de cuidar de mim”.
Apesar das despesas, muitos esquecem que um animal pode proporcionar momentos de carinho e alegria para solitários ou em crise. Eles sempre receberão o proprietário com o rabo abanando e farão festa, mesmo se este for velho, estiver desempregado, doente ou mal vestido.
A hora do adeus
Crédito: Kevin Utting
Os funcionários dos abrigos relatam que muitos proprietários entregam seus animais aos prantos, junto com uma caixinha com os pertences do bicho, como bolinhas e brinquedos preferidos. Para desafogar os abrigos e evitar cenas como essas, algumas associações passaram a distribuir ração, mas o estoque de alimento já está no limite. Por isso, as entidades estão solicitando ao governo alemão, uma injeção de 15 milhões de euros para os 519 abrigos, que são mantidos por empresas privadas e mensalidades de associados.
Também espera-se que quando os atuais desempregados – os que entregaram seus pets -conseguirem um trabalho, que eles retornem para resgatar seus bichinhos, aliviando a situação dos abrigos.
Nos EUA
Doar ração para donos de pets que estão desempregados, também foi a solução encontrada por alguns abrigos nos Estados Unidos. Este é o caso do Spay & Neuter Kansas City, que fornece o alimento aos pets.
Quando uma pessoa recorre ao abrigo para deixar seu pet, o atendente pergunta: “se doarmos comida para seu pet, você ficaria com ele?”. No caso de problema financeiro, em 100% dos casos os donos retornam para casa com seu animal e mais uma sacola com o alimento.
Segundo reportagem do jornal norte-americano “Kansas City”, desde maio foram doados cerca de 1,8 tonelada de ração para cachorro, e mais de meia tonelada de comida para gatos. E os números devem aumentar, já que mais pessoas ficaram sabendo da novidade. Nos últimos 12 meses a doação de alimentos para pets totalizou 6,3 toneladas.
Mas os administradores do Spay & Neuter fazem um alerta: o local não é uma fonte de alimentos para pets, onde qualquer pessoa pode ir e retirar comida para seu animal. A entidade apenas ajuda àquelas pessoas que se encontram em dificuldade financeira, e não podem alimentar os pets de maneira adequada. O objetivo da ação é que a pessoa continue com o bichinho e não o abandone em um abrigo ou nas ruas da cidade.
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