Crédito: CC – Flickr williamhook
No início de março, produtores de TV e jornalistas da capital paulista foram apresentados à 16 propostas que deverão nortear a exibição de animais em programas, reportagens e publicidade. Apresentado por analistas ambientais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), os novos paradigmas têm como objetivo recomendar que as produções não estimulem o consumo de animais silvestres. Quem não cumprir as propostas corre o risco de pagar multa que pode chegar a 500 mil reais.
Durante o workshop, participantes chegaram à conclusão de que o tráfico de animais é impulsionado pelo consumo do cidadão comum, que por sua vez é influenciado pelos meios de comunicação. Todos os anos, o Estado de São Paulo registra cerca de 40 mil apreensões de animais silvestres.
Analice de Novais Pereira, superintendente do Ibama SP acredita que o encontro representa um marco nas relações entre o Instituto e a mídia. “Pela primeira vez apresentamos claramente aos profissionais da mídia que existem limites para a exibição de fauna silvestre. Ultrapassá-los é dar munição aos traficantes de animais, que se aproveitam do desejo das pessoas em ter um animal de estimação diferente”.
O próximo passo será reunir-se com dirigentes das emissoras de TV para que adotem as propostas.
Confira os novos paradigmas para a exibição de animais silvestres:
- Não exibir animal silvestre sem origem legal
- Cuidado ao exibir animais silvestres com origem legal: isso também pode estar estimulando o consumo dos animais sem origem
- Não estimular o consumo ou recomendar o animal silvestre como pet
- Não exaltar características do animal silvestre como afetividade com humanos, doçura, inteligência para aprendizado, etc
- Não perseguir ou apanhar animais silvestres, mesmo que para soltura imediata
- Não demonstrar ou descrever técnicas de captura do animal silvestre
- Não divulgar o valor do animal no comércio ilegal ou mesmo legal
- Em dramaturgia (novela, cinema, teatro) evitar exibir animais silvestres em cativeiro, ainda que tenham origem legal
- Se for utilizar animais silvestres oriundos de criadouros, checar antes com o Ibama a situação desse criadouro junto ao órgão
- Não produzir provas, desafios, concursos com animais silvestres e muito menos premiar os proprietários desses animais
- Em reportagens sobre o tráfico, ao exibir os métodos cruéis, esclarecer ao espectador que não se deve comprar o animal silvestre para cessar aquela situação, pois isso só aumenta a captura
- Não humanizar animais silvestres, por mais agradável ou engraçado que possa parecer (colocar roupinhas, fazê-los executar jogos, operar brinquedos, etc.)
- Desmistificar sempre as crendices associadas aos animais, como: sorte, azar, atrai amor, cura doenças, etc
- Lembrar que animais ideais para viver ao lado dos humanos são os animais domésticos
- Estimular e agregar valores à observação de animais em vida livre
- Preocupar-se com a produção de sentido. Perguntar sempre: que efeito essa apresentação vai gerar na cabeça do espectador?