Crédito: Reprodução / Telegraph
O crescimento econômico da China fez com que uma nova classe emergisse do país: uma classe média influente e com poder e compra. E esse mesmo grupo talvez consiga mudar, ou pelo menos reduzir, um hábito alimentar visto com repúdio e desprezo por outros países: o consumo de carne de cachorro e gato. Desde que o tigre asiático começou a engatinhar rumo ao capitalismo, muitos costumes estão sofrendo as consequências das mudanças. Uma delas é ter um cão, por exemplo, como animal de estimação, e não como um prato a ser degustado.
Por isso, especialistas chineses em direito animal irão apresentar uma proposta proibindo o consumo de carne de cães e gatos, como parte de um projeto de lei para combater o abuso de animais.
Segundo o jornal Telegraph, se a proposta for aprovada, milhares de restaurantes e açougues que oferecem o produto fecharão as portas. E quem for pego comendo animais de estimação será multado em 5 mil Yuan, ou cerca de 1,3 mil reais, ou passará 15 dias na cadeia. Já os restaurantes que desobedecerem o projeto serão multados em 500 mil Yuan, ou aproximadamente 134 mil reais. E a polícia terá como aliado um disque denúncia.
Durante 11 anos, Chang Jiwen, membro da Academia Chinesa de Ciências Sociais e integrante de um grupo de pensadores do governo, trabalhou na legislação e encaminhou as 181 cláusulas no final de setembro, para consulta pública. Agora, Chang prepara um resumo do texto, focando principalmente na tortura em animais, para apresentar ao Congresso Nacional do Povo.
Ainda segundo reportagem do Telegraph, a carne de cachorro, conhecida no país como “carne perfumada”, é consumida há milhares de anos, inicialmente como um tônico medicinal. Já ao Norte do país, região mais fria, o ensopado preparado com a carne do animal era muito popular porque era uma maneira de “esquentar o sangue”.
A Batalha do Tigre e do Dragão
Já a carne de gato ganhou popularidade no Sul da China. Principalmente o prato “Dragon and Tiger in Battle”, ou a Batalha do Dragão e do Tigre, que nada mais é do que uma sopa de gato e cobra. A iguaria é tão consumida na cidade de Guangzhou que muitos restaurantes tiveram que ‘importar’ felinos de outras províncias.
Crédito: Reprodução / guardian.co.uk
Se por um lado, restaurantes e açougues que comercializam carnes de gato e cachorro estão preocupados com o projeto de lei, locais que vendem ração, e principalmente os pet shops, esperam ansiosos pela aprovação, já que é grande e crescente o número de chineses que têm pets e adoram mimar os bichinhos.
Tanto que eles costumam criar petições online contra esses estabelecimentos, atraindo milhares de assinaturas. E enquanto essa mesma classe média realiza protestos com regularidade, em frente aos locais que vendem ou consumem esses produtos, funcionários públicos chegam a oferecer cães para o abate, com o objetivo de livrar algumas cidades da raiva.
Ainda não se sabe quando a lei será aprovada, mas tudo indica que todo o processo levará anos. Xin Chunying, vice-diretor de Assuntos Legislativos da Comissão do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, já manifestou dúvidas da necessidade de novas leis para os animais.
Restaurantes Coreanos
Em novembro de 2009, um casal foi detido por manter um abatedouro ilegal em Suzano, na Grande São Paulo. Eles forneciam carne de cachorro a restaurantes coreanos da capital paulista. O caso chocou pela crueldade com que os animais eram mortos, supostamente com um machado.
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