Quem se propõe a acolher um pet na família deve estar consciente de que ele vai requerer cuidados, despesas e afeto. Isso vale não só para cães e gatos, bichos de estimação mais populares, mas também para coelhos que, durante o período da Páscoa, são mais procurados.
Crédito: Flickr/Creative Commons – Robobobobo
Estima-se que aproximadamente 30 coelhos são abandonados todos os anos só na cidade de Florianópolis (SC).E depois da Páscoa, esse número cresce muito. “Alguns simplesmente são largados no mato e nas estradas”, afirma a protetora Sabine Sanara Fontana, fundadora do projeto Adote Um Orelhudo. “Muitas pessoas compram coelhinhos para dar de presente aos filhos, aos sobrinhos, sem ter noção de como é cuidar do bichinho. Quando o animal cresce e começa a roer fios, calçados, a fazer buracos e comer plantas, ele se torna indesejado e é descartado”, lamenta a protetora.
Comprar por impulso, em geral, causa arrependimento. Quando se trata de um bem material, tudo bem, pode-se doar a alguém que precise. Mas quando se trata de uma vida, a coisa muda de figura. “Muitos entram em contato com o projeto Adote Um Orelhudo tentando se desfazer do próprio coelho com desculpas como ‘vou me mudar e não tenho como levá-lo’ ou ‘tive de ir morar com minha mãe e ela não aceita meu coelho aqui’”, diz Sabine, que acolhe os bichinhos até encontrar um lar responsável para eles.
Além da rejeição que sofrem, os coelhos ainda estão sujeitos à crueldade de alguns criadores, que os mantêm confinados em gaiolas úmidas e sujas, e sem comida adequada ou suficiente. “Se algum coelho, por exemplo, enfiar a patinha entre as grades e prendê-la, ele vai tentar desesperadamente tirá-la dali e isso pode ocasionar fraturas expostas“.
“Esse coelho com certeza não será levado ao veterinário e vai agonizar numa gaiola sem nenhum tipo de atendimento” denuncia a protetora. E como se não bastasse a privação da liberdade e a falta de cuidados, as matrizes são abandonadas ou mortas quando não podem mais dar crias; estas são separadas precocemente da mãe, o que compromete seu sistema imunológico e as deixam mais propensas a adquirir doenças.
Ao contrário do que muita gente pensa, o melhor lugar para o coelho é dentro de casa. Pode ser em um apartamento, desde que ele tenha espaço suficiente para correr, saltar e brincar. Prendê-lo em gaiolas é condená-lo a uma morte lenta e dolorosa. “Coelhos que eram livres e foram colocados para viver em gaiolas ficam inicialmente estressados, mordem as grades querendo sair, giram sobre seu próprio corpo, não comem. Depois, ficam num estado de tristeza, apatia, torpor e podem até morrer de desnutrição, pois se recusam a comer. Outros podem se tornar extremamente agressivos pela falta de contato com outros de sua espécie ou então de contato humano”, avisa Sabine. Portanto, deixe-o solto, livre. Se tomar algumas precauções como esconder fios e não deixar bolsas e sapatos ao seu alcance é possível ter uma convivência prazerosa para todos. Caso more em casa, é importante também manter portas e portões fechados, tampar buracos na terra e verificar a altura dos muros, pois esses animais são bons saltadores.
Pense muito bem antes de acolher um coelho; ele vive entre 5 a 10 anos e não pode ser visto como um “brinde” de Páscoa, um brinquedinho para crianças. “Eu recebo muitos e-mails durante todo o ano de pais que querem dar coelhos aos seus filhos. Antes de mais nada, faço muitos questionamentos em relação ao motivo de querer um coelho, onde ele vai ficar, se tem condições financeiras para alimentá-lo e levá-lo ao veterinário quando necessário, se vai ter tempo e disposição para cuidar dele, porque sabemos que a criança não vai se responsabilizar depois que a empolgação passar”, relata Sabine.