Atualmente, tem se discutido arduamente sobre a volta de casos de raiva, uma doença que todos sabem que é fatal. E para tentar evitar que essa afecção volte a se disseminar no Brasil, é necessário que a população esteja bastante informada sobre ela. A raiva é uma doença que acomete mamíferos e que pode ser transmitida aos homens, sendo, portanto, uma zoonose (passa de animais ao humano). O vírus é mortal tanto para os animais quanto para o homem.
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Em alguns países desenvolvidos, a raiva humana está erradicada e a raiva nos animais domésticos está controlada via campanha de vacinação implementada no país. Mas a vigilância epidemiológica ainda é efetuada em função dos animais silvestres. Em nosso país, a raiva humana ainda faz vítimas. Mesmo no Estado de São Paulo existem regiões com epizootia (epidemia entre animais), devendo haver, principalmente por parte dos municípios, um melhor desempenho nas atividades de controle da raiva animal.
Estima-se que ocorram anualmente mais de 55 mil casos de raiva humana no mundo com a variante de cães. O Brasil reduziu enormemente o número de casos humanos transmitidos por cães e gatos devido às atividades de vigilância, controle e profilaxia humana adotadas.
A campanha de vacinação contra raiva canina e felina é a principal atividade para prevenção de casos humanos e o controle da doença no seu ciclo urbano. A campanha ainda permitiu a redução de casos humanos transmitidos por cães e gatos de 52 em 1990 para dois casos em 2009, estando próxima à sua eliminação. A meta de eliminação foi definida conjuntamente por todos os países das Américas em 2009 e sua relevância e viabilidade levaram em conta que a doença apresenta uma letalidade próxima de 100% e existem hoje as condições para eliminá-la.
Para se contrair a raiva, é necessário que o vírus esteja presente na saliva do animal infectado. Assim, ela irá penetrar no organismo, através da pele ou mucosas, por mordedura, arranhadura ou lambedura, mesmo não existindo necessariamente agressão.
Em nosso país, o principal animal que transmite a raiva ao homem é o cão. Há relatos de que o morcego hematófago (que se alimenta de sangue) é um importante transmissor da raiva, pois pode infectar bovinos, equinos e morcegos de outras espécies. Todos estes animais podem transmitir a raiva para o humano. Animais silvestres são os reservatórios naturais do vírus, ou seja, eles possuem o vírus em seu organismo e acabam contaminando animais domésticos.
Os sinais clínicos de um animal contaminado pelo vírus da raiva são evidentes. A classificação dos sinais divide-se em: quando a doença acomete animais carnívoros, com maior frequência eles se tornam agressivos (raiva furiosa) e, quando ocorre em animais herbívoros, sua manifestação é a de uma paralisia (raiva paralítica).
No geral, os sintomas que os animais infectados demonstram são: dificuldade para engolir o alimento, salivação abundante (sinal clássico), uma alteração brusca de comportamento e uma possível paralisia nas patas traseiras. Em caninos, o latido torna-se diferente do normal, similar um “uivo rouco”, e os morcegos, com a mudança de hábito, podem ser encontrados durante o dia, em hora e locais não habituais, pois eles têm hábito noturno. Animais intoxicados por alguns tipos de venenos (como os inseticidas) ou muito estressados também podem salivar abundantemente, mas sem qualquer relação com a raiva. Da mesma forma, nem todo animal agressivo possui a raiva. Na maioria das vezes, a agressividade como único sintoma é um problema apenas comportamental (cães medrosos, dominantes ou traumatizados por apanhar). Os sinais clínicos nos humanos são bem parecidos com os que ocorrem em animais.
A raiva é uma doença incurável, portanto, deve haver um controle rigoroso da vacinação dos animais domésticos e do campo. A vacina é a única maneira de controlar a doença.
É importante salientar que, uma vez manifestados os sintomas de raiva no humano, o tratamento é ineficaz e levará a pessoa à morte. Em fevereiro de 2009 foi notificado o primeiro caso de cura da raiva em um paciente no Brasil. Embora essa tenha sido uma ótima notícia, foi um caso raríssimo e não pode ser considerado ainda um avanço. Por isso, o atendimento médico deve ser feito prontamente para avaliação dos riscos, pois a doença ainda é fatal em 100% dos casos confirmados da doença no homem.
As campanhas de vacinação são importantíssimas no controle da raiva. Mas se o animal já recebe a vacina antirrábica anualmente, em clínicas veterinárias, não é necessário revaciná-lo, desde que a vacina esteja em dia. Lembre-se sempre de vacinar seu animal anualmente com um médico veterinário habilitado!
Pequenos roedores como hamsters, camundongos, ratos, coelhos e outros, podem transmitir a doença, mas eles apresentam um risco baixo de transmissão. Não existe vacina para esses animais. Já os ferrets (furões) devem ser vacinados contra a raiva anualmente com a mesma vacina utilizada para cães e gatos.
De maneira geral, diante de um caso de mordedura ou arranhadura por qualquer animal não conhecido, a primeira providencia a ser tomada, e altamente eficaz, é lavar o ferimento com água e sabão ou detergente. Isso dificulta a penetração do vírus nos tecidos mais profundos, impedindo que ele atinja as terminações nervosas por onde se propaga e provoca a infecção viral.
Após isso, capturar o animal, se possível, e procurar um posto de saúde. O médico, com a ajuda do veterinário, irá avaliar o risco que o animal agressor apresenta e se é necessário fazer o tratamento antirrábico no paciente.
Apenas como curiosidade, no passado, convencionou-se chamar agosto como “o mês do cachorro louco”, porque nessa época, ou seja, época de mudança de estação primavera/verão ocorriam os cios das cadelas, havendo assim maior aglomeração dos animais para o acasalamento, e consequentes motivos para agressões entre os cães e transmissão da raiva.
Para finalizar, vale ressaltar que independente de campanha de vacinação feita pelo Governo do seu estado, nunca deixe de vacinar seus animais contra a raiva com um médico veterinário. É a única maneira de manter seu pet prevenido contra esta afecção.