Crédito: Wikimedia Commons/Pleple2000
A China parece que não está satisfeita em dominar apenas o território tibetano. Além de estender seus domínios ao Tibet, os chineses estão obcecados por outro símbolo do país: o Mastim Tibetano. O animal, conhecido por sua lealdade e ao mesmo tempo agressividade com estranhos, virou status de poder e luxo no país mais populoso do mundo.
Com uma espécie de juba que lembra um leão, o cachorro ganhou as páginas da imprensa internacional quando em 2009, uma jovem milionária chinesa, apresentada apenas como senhora Wang, levou para casa um Mastim Tibetano no valor de 1,07 milhão de reais. O animal ainda foi recebido pela própria milionária, com uma comitiva formada por 30 carros de luxo.
Não se sabe ao certo porque os novos ricos chineses estão adquirindo o cachorro, natural do Tibet. Sabe-se apenas que eles são disputadíssimos, e que os criadores chineses estão acumulando fortunas vendendo o animal. Enquanto os milionários brigam por um exemplar do cão, a classe média chinesa adere cada vez mais a ideia de ter um pet em casa. E para atender a essa enorme demanda, as pet shops pipocam por Pequim, já que na época em que o Partido Comunista vigorava, as lojas para animais foram banidas do país.
Status e laço afetivo
Mas porque os chineses, mais conhecidos por comerem cachorros, assim como os coreanos, estão cada vez mais se interessando pelos bichinhos? Para muitos, o poder aquisitivo e a política de restrição de ter apenas um filho por casal, contribuíram para o apego e carinho aos pets.
Em entrevista à Reuters, durante uma sessão de tosa que custava mais de 30 dólares, Li Su, de 25 anos, dona de uma cachorrinha, declarou: “quando você tem um cachorro você sabe que tem que alimentá-lo, levá-lo ao veterinário para fazer check-ups, entre outras coisas que exigem investimento de recursos financeiros”. E continua: “para famílias normais estas despesas não são pequenas. Então isso (o valor pago pela tosa entre outros mimos) pode ser considerado um sinal de riqueza.”
Crédito: Flickr/CC – johey24
Mas Mary Peng, co-fundadora do Centro Internacional de Serviços Veterinários, defende que a explosão no número de animais de estimação e de serviços para pets não se limita apenas ao status proporcionado pelo cachorro, mas também o amor aos bichinhos. “Isso demonstra um sinal de riqueza, mas também de amor, o elo entre animais e seres humanos está ficando cada vez mais forte em nosso país”, afirma Mary.
Apesar do aumento significativo de pets – cerca de 8% ao ano -, as leis relacionadas aos pets ainda continuam muito rígidas. As multas são altas, há leis rigorosas e restrições sobre posse de cães de grande porte nas metrópoles. Além disso, as autoridades não conseguem controlar um surto de raiva que se espalhou pela China, jogando a culpa sobre os criadores ilegais. A doença tomou proporções desastrosas, e vários animais foram sacrificados, levando grupos internacionais de defesa animal à ira.